sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Conto - A Troca

Retirado do blog do pastor Joed Venturini: poesiasecontosevangelicos.blogspot.com

Um grupo de garotos passou correndo pela frente da porta, enquanto o velho Eurico a fechava para sair. Um deles praticamente esbarrou no ancião, mas Eurico parecia não perceber ou pelo menos não se incomodar. Era parte de sua maneira de reagir ao ambiente. E seu estilo poderia ser considerado perfeito. Fazia já 15 anos que vivia naquela favela e nunca fora assaltado! Ninguém o molestava. Vivia só e sossegado e era respeitado.


Saía pouco, pois era aposentado. Ia metodicamente à igreja evangélica mais próxima, mas tirando isso, e as saídas diárias à padaria e semanais ao supermercado, era ali mesmo, nas estreitas ruas da comunidade pobre, que fazia sua vida. O velho era conhecido como uma espécie de operador de milagres. Distribuía compaixão como o orvalho matinal e sua especialidade se é que se poderia chamar assim, era recuperar jovens desviados. E na sua favela havia muito material de trabalho.

O ancião tinha uma estratégia pouco comum. Poderia dizer que ganhava pela exaustão. Primeiro escolhia, em oração, um jovem que estivesse mesmo muito mal. Em geral eram delinqüentes envolvidos com o tráfico de drogas e membros de gangues da favela. Então iniciava uma maratona de jejum e oração por aquele jovem. Quanto sentia que tinha suficiente cobertura de oração, “atacava”. De tal forma procurava o seu alvo que ás vezes virava sua sombra. Em regra era rejeitado de início, mas ia ganhando terreno até que o jovem acabava ouvindo o homem.

Mesmo com meios tão arcaicos à psicologia moderna, o ancião tinha resultados surpreendentes. Podia citar uma lista respeitável de nomes de jovens que tinham deixado uma vida que levaria à uma morte prematura e que tinham sido recuperados ao ponto de se casarem, terem emprego e serem fiéis membros de igreja e até dois que eram pastores.

Mas Eurico não fazia propaganda de seu trabalho. Seria contrário ao seu estilo e personalidade. Além de mais ele considerava seu ministério como uma simples retribuição pelo que ele mesmo recebera. Fora, em tempos idos, um alcoólatra que estragara a vida e desgraçara a família. Teria morrido assim, se não fosse o amor paciente e perseverante de um antigo diácono da igreja onde agora assistia. Essa era sua história. Essa era sua vida.

Ultimamente, porém, o homem andava um tanto preocupado e nervoso. O caso que tomara parecia não se resolver como os anteriores. Estava já há meses orando, jejuando e lutando pela vida de Edmilson e parecia não haver nenhuma sensibilidade da parte do rapaz. A cada nova investida de Eurico o jovem se afundava mais em sua vida de pecado. Como chefe de uma facção da gangue tinha dinheiro e poder sobre outros jovens. Não se importava com nada a não ser usar e abusar de seu poder sobre os assustados moradores da favela. Passear de carro e trocar de namorada era outro de seus passatempos e, claro, tudo bem regado a chope e cocaína.

Eurico não era homem de desistir fácil. Não sentira ainda que fosse tempo de deixar de lutar pela vida e salvação de Edmilson e por isso mais uma vez após uma semana de intensa oração, ele se dirigia até o local aonde sabia que poderia encontrar o rapaz.

O jovem não estava em casa. Fora visto indo para o topo do morro aonde tinham uma casa que servia como uma espécie de prisão para inimigos capturados ou devedores que não pagavam suas remessas de droga. Era ali, no terraço, que costumavam executar aqueles que tinham atravessado o caminho dos líderes do pedaço. Eurico estremecera, mas não de medo. Estava seguro. Temia pelo seu alvo. Era pelo moço que sentia medo.

Subiu custosamente o morro, parando várias vezes. A idade já não facilitava. As 80 primaveras já tinham passado há alguns anos e os músculos não tinham a força de outrora. Perto do local que queria alcançar o ancião foi barrado por dois garotos armados, de uns 16 anos.

- E aí vovô, aonde é que pensa que vai?

- Vim ver o Edmilson (Explicou Eurico com toda a naturalidade).

- Manero (riu o outro garoto). Ó velho, cê num acha que tá velho demais pra andar cheirando?

Eurico baixou a cabeça cansada e levantando-a,  fitou o rapaz bem nos olhos de tal forma que o fez ficar sem jeito. Foi então que o outro notou a Bíblia na mão do velho e reagiu:

- Pode passar velho, vai logo!

Mais uma vez a superstição local se fazia sentir. Os traficantes, por regra, não se metiam com “crentes” porque diziam que dava azar. As evidências confirmavam. Eurico avançou até a casa. Era um casarão abandonado. Por todo o lado cheirava a dejetos humanos e havia ratos andando em plena luz do dia. Um despacho de macumba bem na entrada terminava de compor o quadro macabro.

O ancião não hesitou. Subiu as escadas gastas. Não havia ninguém no 1º andar nem no 2º. Ao chegar ao terraço já o velho arfava novamente. Parou e viu um jovem negro, alto, de soberbo aspecto, perto de um corpo que jazia no chão em meio a uma poça de sangue. Ao pressentir a presença do homem o jovem apontou a arma com ar furioso e olhos arregalados onde se evidenciava sinais da última dose de droga.

Eurico levantou a Bíblia em sinal de identificação. A arma foi baixada e os olhos do rapaz se encheram de impaciência e aborrecimento.

- Cê num me larga velho? Me deixa, pô! Tô cansado de te aturar! Vê se me esquece!

- Boa tarde, Edmilson! (o ancião respondeu em tom triste)

Um silêncio pesado se seguiu.

- Não posso desistir de você, Edmilson (continuou o ancião). Você está no meu coração. Quero ver você salvo e seguro nos braços de Jesus!

O Jovem riu com sarcasmo e balançou a cabeça.

- Os braços que eu quero são outros (gozou ele). Além do que, se você qué rezá aproveita e vê se ajuda esse aqui que precisa mais que eu (riu apontando o cadáver) Eu tenho mais que fazer.

Dizendo isso o rapaz passou pelo velho com desdém e o empurrou com violência. Eurico perdeu o equilíbrio e caiu sentado junto ao muro que circundava o terraço e o jovem se foi.

O ancião encolheu-se. Estaria errado desta vez? Seria Edmilson um caso realmente perdido? Na verdade o livre arbítrio era de se considerar. Ele não podia forçar a vontade de alguém a quem Deus fizera livre. No entanto o peso da alma do jovem o fazia sofrer e as lágrimas brotavam de seu rosto cansado. Ali ficou com a cabeça apoiada nos joelhos chorando e clamando por uma oportunidade de ser verdadeiramente intercessor, de ficar na brecha por este rapaz.

O tempo passou. Eurico não sabia se muito ou pouco. Quando se deu conta havia outra pessoa no terraço e o sol declinava rapidamente no horizonte. A presença dessa pessoa o fez erguer-se um tanto assustado. Limpou as lágrimas do rosto e o nariz que pingava e tentou se recompuser. Mas a aproximação da outra pessoa o deixou deveras surpreso.

Saída como que de uma espécie de névoa veio ao seu encontro uma velha de aspecto medonho. Curvada e cheia de reumatismo ela parecia não ter sequer um osso que não fosse deformado. Ergueu o rosto para Eurico e o fitou com superioridade. O ancião tremeu sem querer.

O rosto da velha era de tal forma enrugado e cheio de espinhas e pontos negros que só o fixá-lo já era penoso. O nariz de proporções significativas era peludo e torto. A boca irregular de lábios secos. Da cabeça quase careca saíam uns poucos fios de cabelo grisalho em total desalinho. A mulher trazia uma roupa toda negra e esfarrapada condizente com seu aspecto físico. Sua presença causava repulsa e medo, tremor e asco ao mesmo tempo.

Depois do primeiro susto Eurico tentou se recuperar. Pensou que fosse alguém da família do homem morto que permanecia no extremo do terraço e tentou ser gentil:

- Boa tarde, senhora. Veio pelo moço acidentado? (perguntou apontando o cadáver).

- Acidentado? (pronunciou a velha com sarcasmo).

Sua voz era metálica e grave. Um tanto inesperado. Causava arrepios na medula e parecia penetrar os ossos. Não parecia ser humana.

- Acidentado? (repetiu a velha)

- Bem (titubeou Eurico sem jeito). Eu, na verdade, não sei. Quando cheguei aqui já estava morto.

A velha parecia não estar interessada no que ele dizia. Aproximou-se do ancião e o rodeou examinando cada detalhe dele e em especial a Bíblia em sua mão. À sua aproximação Eurico experimentou um fenômeno de todo inusitado. O chão parecia ter se tornado frio. Como se a temperatura à volta da mulher fosse bem mais baixa que o resto do ar. A tal ponto se fez sentir isso que o pobre homem quase tremia de frio e segurava o queixo para que não batesse.

A velha tornou a se afastar dele sem palavras como se tivesse perdido o interesse e avançou até o parapeito da varanda examinando as redondezas. Eurico fez enorme esforço para sair de seu estado quase catatônico.

- Posso ajudá-la de alguma forma? (perguntou com educação)

A velha o mirou de novo com aquele olhar gelado e desdenhou:

- Não é você que quero! (respondeu secamente)

- Então, quem é? (insistiu o ancião já com seus pressentimentos)

A mulher parecia incomodada com a presença e a insistência do homem e pareceu atacá-lo. Voltando-se com rapidez surpreendente o questionou:

- Não tem medo de mim?

Desta vez foi Eurico que ficou firme e com olhar tranqüilo e seguro sorriu e respondeu:

- Deveria ter?

- A grande maioria dos homens tem… (disse a velha com segurança)

- Parece ter muita experiência! (refletiu Eurico)

- Alguma... (devolveu a outra com sarcasmo)

- E está procurando... (sugeriu o ancião)

- Edmilson (declarou a velha de forma seca e voltou a perscrutar a vizinhança).

Eurico ficou abalado com a revelação e se aproximou corajosamente da velha apesar de que o frio que ela transmitia ser a última coisa do mundo que queria experimentar de novo. De súbito, sentiu-se cheio de ousadia para lutar pelo jovem que pretendia ver salvo e pressentia que esta anciã só podia trazer más noticias. Chegou-se com convicção e disparou:

- Quem é a senhora?

A velha olhou Eurico com um misto de admiração e desprezo e sorriu. Um sorriso que faria gelar o coração do mais corajoso. De sua boca disforme se viam uns poucos dentes amarelo-acastanhados e a risada qual grito de hiena na noite africana parecia vindo de outro mundo. A mulher, olhando o homem no fundo dos olhos, pronunciou calmamente:

- Sou a Morte!

- Não pode levá-lo! (foi à reação imediata e quase impensada do ancião)

A morte mostrou surpresa franzindo o sobrolho que logo abriu em novo sorriso desdenhoso.

- Você vai me impedir?

- Não posso... (reconheceu Eurico) Mas ele não está pronto!

- Isso não é problema meu (deu de ombros a velha). Cumpro minhas obrigações e chegou à hora dele. Se não se preparou para me receber é problema seu.

- E meu também (protestou o homem). Eu assumi a responsabilidade por ele.

- Ninguém pode assumir a responsabilidade por outro (devolveu a morte). Cada um tem que me enfrentar sozinho e a hora de Edmilson é chegada.

- Então, me leve a mim (tentou Eurico já desesperado). Eu posso ir já, estou pronto. Não tenho medo de você. Leve-me no lugar dele!

Agora o homem parecia pela primeira vez ter conseguido a total atenção de sua interlocutora que o examinava com mais cuidado ainda. A morte aproximou-se novamente e o frio glaciar de ainda a pouco voltou a gelar Eurico de forma desagradável e quase insuportável. Tudo nele clamava por se ver livre dessa sensação, mas ficou quieto em seu interior lutando pela alma de seu protegido.

A morte percebeu a luta do homem e sua forte resolução e se afastou lentamente.

- Tem a certeza do que me propõe? (questionou tentando verificar a certeza do homem)

- Sim! (afirmou Eurico com total convicção)

- E porque faz isso? (quis saber a morte)

- Pela salvação dele. (explicou o ancião) Ele não está pronto para ir. Precisa de mais tempo. O amor de Deus há de vencer em sua vida, mas precisa de mais tempo.

- E é esse tempo que você quer comprar para ele? (sugeriu a velha rindo)

- Se for possível… (clamou ele)

- Possível é… (disse ela) Não seria a primeira vez. Tem-se feito muitas vezes e creio que ainda se farão muitas mais.

- E ele terá tempo suficiente? (quis saber o homem ansioso)

- Isso não pode saber. Só o Todo Poderoso sabe essas coisas. Pode ser que sim. Pode ser que não. Acha que vale a pena mesmo assim? Morrer sem ter a certeza? Pode ser em vão… (tentou a morte matreira)

- O amor nunca é em vão! (sentenciou Eurico) Estou disposto a dar a Edmilson mais uma oportunidade, nem que seja a última!

A morte balançou a cabeça e chegou-se ao fim do terraço aonde se via toda a favela. Suspirou com ar cansado e olhou mais uma vez com seus pequeninos olhos negros o homem que a observava em suspense.

- Tanto trabalho a fazer... Voltarei por você... Amanhã!


Antes que Eurico pudesse dizer qualquer coisa uma névoa vinda não se sabe de onde encobriu à velha e a sua figura fantasmagórica desapareceu.

O homem ficou muito tempo ali em pé sem saber bem o que se passara com ele. Fora sonho? Fora visão? Fora real? Como saber a verdade? O ancião sentia-se confuso. Seria genuíno que ele negociara com a morte e se oferecera para ir ao lugar de Edmilson? Isso seria possível? Seria aceito? No dia seguinte seria a sua vez? Estaria realmente tão preparado como se julgava?

Com esses pensamentos na cabeça ele deixou o local e à medida que descia do morro notava toda a agitação típica do fim de dia, mas algo mais do que era normal. Finalmente um jovem o informou. A polícia havia estado no morro durante a tarde. Tinha havido troca de tiros e Edmilson fora baleado. Estava no hospital.

Eurico estremeceu. Tinha que verificar. Sentia-se cansado. Na verdade exausto, mas não teria paz sem confirmar o que sucedera. . Questionou sobre o hospital em que o jovem estaria internado e foi até lá chegando já noite cerrada. Procurou o médico que atendera Edmilson. O clinico sentou com o ancião e parecia confuso.

- Foi algo muito estranho (disse o médico). O rapaz foi baleado três vezes no abdômen, na região do fígado. Chegou aqui com hemorragia interna incontrolável. Não havia nada que pudéssemos fazer. Nem se o tivéssemos recebido logo após os tiros. Mas tinham passado mais de 2 horas! Ele estava à morte! O pulso estava indo e todos nos preparávamos para deixá-lo cadáver quando, de repente, o sangue parou. O cara recuperou bem ali, à nossa frente. Olha, se eu não tivesse visto, não acreditaria. Se é que existe essa coisa de milagre, este foi um!

Eurico ouviu tudo com lágrimas nos olhos e sentindo que, afinal, tudo o que vivera fora verdade. Cheio de convicção e certeza conseguiu autorização e chegou à cabeceira do moço por quem se dispusera a morrer. O jovem orgulhoso e cheio de antipatia que ele vira no começo do dia já não estava ali. Edmilson tinha um ar assustado de garoto pobre que era o verdadeiro estado de sua alma. Olhou Eurico com vergonha e uma pitada de esperança. Tremia ao lhe contar.

- Foi uma emboscada. O meu pessoal me traiu. O desgraçado do Mendes queria a minha posição. Miserável! Vai pagar caro! (dizia com o rosto se contorcendo de dor e raiva)

- Ainda odiando? (interrompeu Eurico). Isso não te trouxe nada de bom.

O moço parou de falar e o olhou triste. Desta vez parecia reconhecer a verdade nas palavras do velho.

- Eu vi a morte! (disse então tremendo) E era horrível!

- Eu sei (balançou a cabeça o ancião). Mas não precisa ter medo dela agora. Você vai viver. Mas o quanto e como vai depender de onde você vai colocar o coração.

Na entrada do quarto uma enfermeira fez sinal ao ancião que era hora de se retirar. Edmilson segurou o braço dele com angústia. Em seus olhos de via agora todo o vazio de seu coração, toda a busca de sua alma.

- O que é que eu faço? (perguntou com voz embargada)

Eurico o olhou com carinho. Colocou sua Bíblia na cabeceira. Era a sua velha Bíblia. Companheira de tantos anos. Ganhara aquele livro do homem que o levara a Cristo. Era seu mais precioso tesouro. Mas sentia que agora o rapaz precisava mais dela do que ele. Sorriu de leve e acrescentou:

- Comece lendo o livro onde está marcado. Depois, quando sair daqui procure o pastor João da igreja lá da favela. Ele saberá te ajudar. Não desperdice seu tempo, meu filho! A vida é curta! Você não sabe o que vem amanhã.

- Você virá me visitar? (quis saber o moço)

- Não sei (respondeu o velho com o olhar perdido). Tenho amanhã um compromisso muito importante. Logo você saberá.

Com uma breve oração ele se despediu do moço e saiu. Trazia o coração em paz. Sentia que aquele jovem estava a caminho da recuperação. Seria difícil o caminho e muito espinhoso. As tentações seriam múltiplas e a luta tremenda. Mas ele queria acreditar. Era tudo que precisava. Fizera a sua parte. Talvez até demais. E com esse pensamento enchendo sua mente chegou a casa finalmente e dormiu um sono pesado, sem sobressaltos, cheio de paz.

No dia seguinte,  levantou-se à hora habitual. Fez tudo como em qualquer outro dia. Por que seria diferente? Foi o que pensou. O dia inteiro, porém, esperava sentir aquela presença gelada que o envolvera no dia anterior e que certamente o viria buscar. Mas nada aconteceu de manhã e a tarde ia já avançada quando se sentou em seu sofá de leitura e adormeceu com um velho livro de poesia no colo.

Acordou com uma sensação estranha e imediatamente sentiu que não estava só. Um arrepio percorreu sua espinha, mas recuperou depressa e levantando-se deu de cara com uma moça que sentada á mesa da sala preparava um chá.

Era jovem e extremamente bela. Alta e esbelta, de feições finas, rosto pequeno emoldurado por abundante cabelo castanho claro, olhos enormes de um verde enigmático, lábios bem desenhados e um queixo artístico. Era branca, muito branca e dela parecia emanar um perfume doce inebriante que o ancião sentiu ser delicioso demais.

Eurico sorriu diante de tal visão e limpando a garganta se desculpou:

- Peço desculpa não a vi entrar, estava lendo e creio que cochilei.

- Não tem problema, eu tenho tempo.(ela respondeu numa voz maviosa e musical)

E as palavras foram acompanhadas de um sorriso que trazia a beleza sombria de uma noite de luar. Eurico não pode evitar um novo arrepio, mas não sabia como reagir.

- Em que posso servi-la? (quis saber sempre educado)

- Temos encontro marcado. (lembrou a moça com certo ar de surpresa no rosto) Certamente não esqueceu!

O ancião recuou um passo e parou. Estava confuso e admirado. Balançou a cabeça e fixou melhor o olhar.

- Tenho encontro marcado com a... (não foi capaz de dizê-lo)

- Comigo! (completou a moça)

- Não pode ser! (continuou estranhando o velho)

- Porque não? (insistiu ela)

- Não foi você que vi ontem!

- Ah! (riu ela e se aproximou estendendo a xícara de chá fumegante e cheiroso)

À sua aproximação ele sentiu o frio que lhe percorrera o corpo no dia anterior. Mas este não era o mesmo tipo de frio. Não gelava. Não fazia tremer. Era mais um tipo refrescante, qual brisa gostosa em tarde abafada.

A moça fez sinal e ele tornou a sentar-se no sofá. Ela foi postar-se não muito longe bem em frente dele.

- Na verdade foi comigo que falou ontem (continuou a morte). Mas ontem você me viu como Edmilson me veria. Ontem eu era a morte aos olhos dele. Hoje estou diferente, ou talvez não. Na verdade não mudo. O que muda é a maneira como as pessoas me vêm.

Eurico abanou a cabeça. Fazia sentido. Era mesmo bastante lógico. Sorriu. Não podia evitá-lo. Como temer uma morte com esta cara?

- Está preparado?

- Sim! (disse prontamente o homem sem hesitar) E Edmilson?

- Terá sua oportunidade.

- E será suficiente? (insistiu ele)

- Só o Todo Poderoso sabe! (decretou ela) Tome seu chá. Você já fez sua parte.

Novo sorriso encheu o ar de parte a parte. Ele bebeu o chá e encostou a cabeça na poltrona. Fechou os olhos sentido o perfume que enchia o ar. Logo estava dormindo.

No outro dia de manhã corria a noticia na favela. O velho Eurico morrera na tarde anterior enquanto dormia e o barbeiro que costumava cortar-lhe o cabelo comentava:

- Isso é que é uma Bela Morte!

Baseado em João 15:13



“Ninguém tem maior amor do que este: de dar alguém a própria vida em favor de seus amigos"
 
Retirado do blog do pastor Joed Venturini: poesiasecontosevangelicos.blogspot.com 

quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Pregador de rua é indenizado em mais de seis mil dólares por detenção injusta por comentários sobre homossexualismo

BIRMINGHAM, Inglaterra, 14 de dezembro de 2010 (Notícias Pró-Família) — A polícia de West Midlands recebeu ordem de um tribunal de pagar a um pregador evangélico de rua de Birmingham que pregou que a homossexualidade é imoral mais de seis mil dólares, mais despesas legais por detenção e prisão injusta. Anthony Rollins, um pregador cristão que sofre de autismo, foi preso enquanto estava pregando no centro da cidade de Birmingham. Rollins foi acusado de violação da Seção 5 da Lei de Ordem Pública, um estatuto que foi fortemente criticado por restringir a liberdade de expressão.
O tribunal ouviu que em 24 de junho Rollins estava pregando a partir da Bíblia versão do rei James e expressou sua convicção cristã de que a conduta homossexual é moralmente errada. O Instituto Cristão, que representou o sr. Rollins, informa que um membro do público, John Edwards, fez objeção à mensagem, gritando “fanático homofóbico” antes de discar 999 e pedir intervenção policial.
Rollins foi preso na mesma hora, sem que a polícia fizesse mais questionamentos. Ele ficou detido por três horas e nunca foi entrevistado para se saber a versão dele acerca do que havia acontecido. O tribunal também deu o veredicto de que o policial Adrian Bill cometeu agressões e violência contra o sr. Rollins quando o algemou sem necessidade alguma.
Lance Ashworth, o juiz encarregado do caso, criticou o policial que fez a detenção, dizendo que ele havia feito a prisão “como uma questão de rotina sem parar para pensar nos direitos do sr. Rollins [à liberdade de expressão e liberdade religiosa]”.
Outro pregador evangélico de rua que foi preso antes neste ano por comentários que fez acerca da atividade homossexual comentou que a Inglaterra está se tornando um lugar onde a liberdade de expressar opiniões religiosas sinceras está sendo pisada. Em abril, Dale Mcalpine da Cumbria foi preso e acusado de usar palavras “insultantes” contrárias à Seção 5 da Lei de Ordem Pública, um delito criminal.
Mcalpine está pedindo que os cidadãos preocupados façam contato com seus parlamentares e peçam que o termo “insultantes” seja removido da Lei, ou outros correrão o risco de serem presos por expressarem suas convicções religiosas em público.
Embora as acusações tivessem sido descontinuadas, Mcalpine está processando o policial que o prendeu e o delegado da Polícia da Cumbria por detenção ilegal, prisão ilegal e interferência ilegal no direito dele à liberdade de expressão e liberdade de religião.
“Fui acusado de um crime, e solto com a condição de que eu não pregue num lugar público, nem mesmo em minha igreja”, disse Mcalpine.
A tradição na Inglaterra de pregar na rua remonta ao século XVII, e até recentemente era vista com ampla tolerância pelas autoridades. No século XVIII, quando o movimento metodista foi banido das igrejas anglicanas convencionais, seus adeptos, inclusive o fundador John Wesley, foram para as ruas para promover suas ideias.
Mike Judge do Instituto Cristão disse: “Nem todos gostam dos pregadores de rua, mas a pregação de rua é parte de nossa herança cristã. A maioria das pessoas simplesmente passa e ignora. A polícia não tem direito algum de prender cristãos por citarem a Bíblia. Os cristãos estão cansados de serem levados aos tribunais por causa de suas convicções. Não há dúvida de que há problemas na Lei de Ordem Pública e precisam ser consertados”, acrescentou Judge.
A Comissão Mista de Direitos Humanos do Parlamento, a organização de direitos civis Justice (Justiça) e o Instituto Cristão pediram que a Seção 5 da Lei de Ordem Pública seja emendada de modo que não seja utilizada de modo abusivo para interferir com a liberdade de expressão.
Traduzido por Julio Severo: www.juliosevero.com
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sábado, 25 de dezembro de 2010

Sou Humano

Gente, tem uma cantora que eu "redescobri" a pouco tempo: Bruna Karla. Eu conheci suas músicas quando era criança, e ela também não era muito adulta. Agora, através de uma amiga minha, redescobri essa menina que hoje já está até casada (com o tecladista do Quatro por Um) e gostei!

Sou Humano - Bruna Karla

Deus mais uma vez segura em minha mão
Minha alma aflita pede tua atenção
Cheguei no nível mais difícil até aqui
Me ajude a concluir

Quando penso que estou forte fraco eu estou

Mas quando reconheço que sem Ti eu nada sou
Alcanço os lugares impossíveis, me torno um vencedor

Estou sentindo minhas forças indo embora

Mas Tua presença me renova nessa hora
Vem Senhor, vem, e me leva além

O meu sonho de chegar está tão longe

Sou humano não consigo ser perfeito
Vem Senhor, vem, e me leva além

Me ajude a ousar com minha fé

Sou pequeno eu não sei ficar de pé
Sou dependente, tão dependente
Vem Senhor ao meu favor
Me ajude a ousar com minha fé
Sou pequeno eu não sei ficar de pé Me dá sua mão,
Me tira do chão Vem me ajudar



Sou Humano - Bruna Karla YouTube
 
Fiquem com Deus!

E se a Bíblia for realmente verdadeira?

Evidências da encarnação de Jesus

David Limbaugh
Gostaria de desafiar você a considerar que a “boa notícia” que celebramos durante a época do Natal é realmente verdadeira.
Você pode escolher crer que a Bíblia é meramente um livro de fábulas com lições morais bacanas, mas há mais abundantes e exatas evidências de manuscritos em apoio ao Novo Testamento do que a qualquer outro livro da antiguidade. Além disso, o número de testemunhas da vida, morte e ressurreição de Cristo, assim como a natureza do testemunho delas, é forte prova da confiabilidade dos relatos da Bíblia, assim como são também as corroboradoras provas arqueológicas e testemunho secular.
Aliás, os escritores do Novo Testamento tinham todo motivo secular para negar que a ressurreição tivesse ocorrido. Por que eles inventariam e apoiariam uma história que os levaria a ser surrados, torturados e mortos?
Portanto, na próxima vez que você ler a Bíblia, considere que você está lendo a inspirada Palavra de Deus e que Jesus realmente disse e fez o que a Bíblia relata, começando com as afirmações dEle sobre Sua própria divindade:
Ele disse: “Eu sou o caminho, e a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai, senão por mim. Se vós me conhecêsseis a mim, também conheceríeis a meu Pai… Quem me vê a mim vê o Pai” (João 14:6-9). Ele também disse: “Em verdade, em verdade vos digo que antes que Abraão existisse, eu sou” (João 8:58). Aqui, Jesus afirmou não só ter existido antes de Abraão, mas também que sua pré-existência é eterna. O que é mais importante é que “EU SOU” é um dos nomes de Deus. Além disso, Ele se identificou como o Deus do Antigo Testamento ao proclamar “Eu sou a luz do mundo” (O Salmo 27:1 diz: “O SENHOR é a minha luz e a minha salvação”) e “Eu sou o bom pastor”. (O Salmo 23:1 diz: “O SENHOR é o meu pastor”.) Ao responder ao supremo sacerdote quanto à Sua deidade, Jesus disse: “Eu o sou, e vereis o Filho do homem assentado à direita do poder de Deus, e vindo sobre as nuvens do céu” (Marcos 14:62).
Jesus também cumpriu as profecias do Antigo Testamento acerca do Messias: Ele nasceu de uma virgem, em Belém, na linhagem de Abraão e Davi; Ele foi rejeitado por Seu próprio povo; Suas mãos, pés e lado foram furados, mas nenhum osso foi quebrado; e Ele ressuscitou dos mortos e subiu ao céu.
Jesus afirmou ter autoridade para perdoar pecados. Ele disse ao homem paralítico: “Para que saibais que o Filho do homem tem na terra autoridade para perdoar pecados”. Ele disse que Ele é o juiz da humanidade (João 5:25-29).
Jesus atribuiu para si uma honra que só Deus merece (Isaías 42:8), quando Ele disse: “E agora glorifica-me tu, ó Pai, junto de ti mesmo, com aquela glória que tinha contigo antes que o mundo existisse.” (João 17:5) e “Para que todos honrem o Filho, como honram o Pai” (João 5:23). Jesus nos convidou a orar no nome dEle: “E tudo quanto pedirdes em meu nome” (João 14:13). Ele aceitou que outros O adorassem (Mateus 8:2, 14:33, 15:25, 20:20, 28:17), embora o Antigo Testamento claramente proíba adoração a qualquer pessoa, a não ser Deus (Êxodo 20:1-4; Deuteronômio 5:6-9). Até mesmo os anjos se recusam a receber adoração (Apocalipse 22:8,9).
Jesus disse que Ele nos daria coisas que só Deus pode dar. “Pois, assim como o Pai ressuscita os mortos, e os vivifica, assim também o Filho vivifica aqueles que quer” (João 5:21).
Jesus não nos orientou apenas a seguir Seus ensinos, mas também a seguir a Ele (Mateus 10:38).
Jesus realizou muitos milagres, e o maior deles foi Sua ressurreição, que Ele predisse (João 2:19, 21) e foi testemunhada por todos os escritores dos quatro Evangelhos e, entre outros, por Paulo, que disse que Jesus foi visto por mais de 500 testemunhas oculares, a maioria das quais ainda estava viva e poderiam refutá-lo se não fosse verdade (1 Coríntios 15:4).
Os Apóstolos dEle também afirmaram que Ele era Deus: “No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus.” (João 1:1); Jesus é o “primeiro e o último” (Apocalipse 1:17, 2:8, 22:13); e “Porque um menino nos nasceu… e se chamará o seu nome: Maravilhoso, Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz” (Isaías 9:6).
Jesus, que afirmou e provou ser Deus, defendeu a autoridade divina do Antigo Testamento (Mateus 5:17-18) e prometeu que o Espírito Santo inspiraria as revelações do Novo Testamento (João 14:26, 16:13). Os escritores do Novo Testamento também deram testemunho de que toda a Escritura foi inspirada por Deus (2 Timóteo 3:16).
A partir do momento em que concluímos que a Bíblia é a Palavra de Deus, teremos prazer nas Escrituras (Salmo 119:92) e, conforme descreveu certo escritor, adquiriremos “aquele grande sentimento de que estamos vivendo na esfera da segurança eterna”.
É real segurança eternal, pois Cristo morreu para que, por meio do nosso arrependimento e confiança nEle, possamos viver. Ora, esse é o verdadeiro significado do Natal e é a melhor notícia que já houve.
Traduzido por Julio Severo: www.juliosevero.com
Fonte: WND

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Aniversário de 107 anos da Primeira Igreja Batista de Campo Grande

Pessoal, o aniversário de 107 anos da Primeira Igreja Batista de Campo Grande será neste sábado às 19 horas! Pra quem não sabe onde é: Endereço da PIBCG no Google Maps . Gente, algumas músicas lindas do Musical Indescritível serão cantadas novamente, além de outras com o Coro Exultação e grupo misto! Mensagem: pr. Tércio Ribeiro de Souza, pastor da PIB Maceió (Alagoas). Se não puder ir, mas quiser assistir pela internet, aqui está o site da igreja, entre na hora do culto:Site da PIBCG. É só clicar em "culto ao vivo".
Até lá e fiquem com Deus!

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Pais suecos são presos por aplicar disciplina. Governo lhes tira os filhos

Hilary White
KARLSTAD, Suécia, 30 de novembro de 2010 (Notícias Pró-Família) — Um tribunal regional da Suécia sentenciou um casal a nove meses de cadeia para cada um e os multou o equivalente a 10.650 dólares depois que eles confessaram que batiam em três de seus quatro filhos como parte normal de seus métodos de educar e disciplinar filhos. Em 1979, a Suécia tornou crime os pais aplicarem castigo físico nos filhos, uma medida que foi o primeiro passo, de acordo com um advogado de direitos dos pais nos EUA, para o Estado sueco praticamente se apoderar de toda a autoridade e direitos dos pais.
Documentos do tribunal, citados pela Televisão Sveriges, disseram que os pais, cujos nomes não foram divulgados na imprensa, “explicaram que haviam usado o que eles mesmos descreviam como bater e castigo físico como parte de seus métodos de criar os filhos”.
Os documentos disponibilizados não dão nenhuma indicação de que os pais cometiam abusos, e o tribunal ainda comenta que os pais “tinham um relacionamento de amor e cuidado com os filhos”.
Apesar disso, os pais foram mandados para a prisão e multados em 25.000 coroas suecas para cada um dos “filhos afetados”. Os filhos foram enviados para um orfanato sustentado pelo Estado, onde estão desde junho deste ano, e Mike Donnelly, diretor de relações internacionais da Associação de Defesa Legal da Educação Escolar em Casa (ADLEEC), que tem sede nos EUA, disse para LifeSiteNews.com que é “extremamente improvável” que os filhos sejam devolvidos para sua família.
Donnelly disse que esse caso é típico dos casos de muitas famílias com valores tradicionais na Suécia: “Na área de direitos da família na Suécia, as coisas realmente não estão indo bem ali”.
Embora a ADLEEC não defenda uma posição oficial sobre o uso de castigo físico, Donnelly disse que claramente cabe aos pais decidirem se o castigo físico é uma forma apropriada de disciplina.
“Os pais se tornaram meros funcionários do governo, tendo o Estado sueco se apossado diretamente da função deles”, Donnelly disse. “E esses pais foram presos por fazerem o que nos EUA seria perfeitamente normal”.
Noventa por cento das crianças suecas estão em creches financiadas pelo governo desde idades bem novas, até mesmo bebês de um ano e meio, disse ele. É a posição do Estado que os pais sejam dominados pelo Estado em áreas de criação de crianças, disse ele.
Donnelly disse, porém, que os melhores interesses das crianças não são a prioridade mais elevada do Estado. “Daí, eles pegam essas crianças que têm um relacionamento de amor e carinho com seus pais e as mandam para orfanatos, e jogam os pais na cadeia por nove meses”.
Donnelly citou o caso agora famoso de Domenic Johansson, o menino que foi arrancado dos pais por funcionários do governo porque seus pais estavam lhe dando aulas escolares em casa, um ato que também é ilegal na Suécia.
“Moral da história: não vá para a Suécia. Não mude para lá, se quiser ter uma família normal”.
Informações de contato:
Embaixada da Suécia no Brasil
SES, Avenida das Nações, Qd 807, Lt 29
70419-900, Brasília – DF
Tel:+55-61-3442 52 00
Tel emergência:+55- 61-8127 42 69
Fax:+55-61-3443 11 87
Email: ambassaden.brasilia@foreign.ministry.se
Embaixada da Suécia em Portugal
Rua Miguel Lupi 12-2°-Dto
1249-077 Lisboa
Telefone:+351-213 942 260
Fax:+351-213 942 261
Email: ambassaden.lissabon@foreign.ministry.se
Traduzido por Julio Severo: www.juliosevero.com
Fonte: http://noticiasprofamilia.blogspot.com
Veja também este artigo original em inglês: http://www.lifesitenews.com/news/swedish-parents-jailed-for-spanking-children-seized
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